As fusões e aquisições (M&A) são eventos significativos no mundo corporativo, com potencial para alterar a trajetória e o desempenho de uma empresa, e muitas vezes de um setor como um todo. Entretanto muito se questiona sobre a coerência e eficácia econômica das transações entre empresas, e não é de hoje.
Ao observar o histórico dos últimos anos, especialmente entre 2020 e parte de 2021, notamos que muitas empresas foram seduzidas pelos juros baixos e executaram muitas aquisições, envolvendo montantes até bilionários em investimentos. Como exemplo temos a compra da Avon pela Natura (BVMF:NTCO3), o deal entre o Grupo GNDI e Hapvida (BVMF:HAPV3), e a aquisição do Grupo Big pelo Carrefour (BVMF:CRFB3).
Olhando pelo retrovisor fica claro que esta onda de operações pode não ter sido saudável para as Companhias, especialmente para as compradoras. A evolução dos preços de tais ativos após M&As nos faz questionar se estes movimentos foram acertados ou se era melhor as empresas terem empregado seus recursos de outra forma.
Professor na Stern School of Business da Universidade de Nova York, Aswath Damodaran é mundialmente conhecido por sua pesquisa direcionada a avaliação de empresas e investimentos. Um dos tópicos mais discutidos por ele, e que gerou muita controvérsia no mundo empresarial, é a eficácia de M&As. A sua mensagem para os empresários é direta: “Não façam isso. Eu acredito firmemente que aquisições são um vício, uma vez que as empresas começam a crescer por meio delas não parar”. Em 2018, ele disse à uma plateia do Instituto CFA que “o processo de fusões e aquisições tem todos os sinais de um vício”, motivo pelo qual intitulou sua apresentação como “Acquirers Anonymous” (Compradores Anônimos).
Outras fontes de dados também apontam desafios para os “serial acquirers”. Em um estudo realizado pela KPMG Brasil em 2020, foi relatado que aproximadamente 75% das fusões e aquisições no Brasil não agregaram valor aos acionistas ou até mesmo destruíram seu valor (“M&A Predictor Brasil 2020”, KPMG Brasil, 2020). Além disso, um relatório do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) de 2021 indica que 65% das aquisições no Brasil não conseguiram atingir os objetivos estabelecidos inicialmente (“Fusões e Aquisições: Desafios e Estratégias”, IBGC, 2021).
Mas, analisando com cuidado, chegamos a três motivos principais que podem fazer os compradores destruírem seu valor executando M&As:
Pois bem, então devemos concluir que é melhor não fazer aquisições? Pelo contrário. Inúmeros cases de sucesso simplesmente não existiriam se não fossem as consolidações societárias. De fato, diversas empresas brasileiras conseguiram crescer e prosperar por meio de aquisições seriais. Podemos citar inúmeros bons exemplos como a formação da Localiza (BVMF:RENT3), o crescimento do Grupo Fleury (BVMF:FLRY3), a criação da B3 (BVMF:B3SA3) ou até o conglomerado de negócios do Itaú (BVMF:ITUB4).
A diligência prévia adequada, a eficácia da integração pós-aquisição, a cultura corporativa, as sinergias operacionais e a capacidade de reter talentos cruciais são frequentemente identificados como elementos chave para determinar o sucesso de uma transação de M&A.
Por fim, é perceptível que as estatísticas evidenciam que o sucesso de tais transações é tudo menos garantido, especialmente no contexto brasileiro. Ainda assim, quando feito corretamente, M&A pode fornecer uma vantagem estratégica significativa, colocando a empresa em uma posição de força em seu respectivo setor.
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