Nos últimos anos, houve uma expansão significativa do investimento ESG em todo o mundo, à medida que organizações e indivíduos reconhecem cada vez mais as interdependências entre questões sociais, ambientais e econômicas.
A pandemia de COVID-19 acelerou essa tendência notavelmente. Os primeiros três meses de 2020 viram US$ 45,6 bilhões fluindo para esses fundos globalmente. Hoje, US$ 30,7 trilhões estão em fundos de investimento sustentável em todo o mundo e analistas preveem um possível aumento para cerca de US$ 50 trilhões nas próximas duas décadas.
O motivo dessa escalada que parece não ter mais volta? Mais investidores estão procurando financiar organizações e produtos que apoiem e promovam a sustentabilidade e cumpram com as regulamentações emergentes, como as regulamentações sobre mudanças climáticas. Essa demanda foi atendida com maior ação em questões ESG no mundo dos negócios, bem como retornos progressivamente mais altos do investimento para fundos ESG devido à sua resiliência contra rupturas convencionais do mercado.
Carteiras que incorporam ESG e sustentabilidade também costumam ter melhor desempenho no longo prazo. Segundo a Morningstar, empresa de serviços financeiros norte-americana, em um período de 10 anos, 80% dos fundos de ações mistas que investem de forma sustentável superam os fundos tradicionais. Eles também avaliaram que 77% dos fundos ESG que existiam 10 anos atrás sobreviveram em comparação com 46% dos fundos tradicionais.
Esse boom no investimento em ESG ganha mais força à medida que as cadeias de suprimentos se tornam mais complexas. Há uma maior conscientização sobre questões e riscos sociais, trabalhistas e de direitos humanos para o mundo dos negócios. A crescente preocupação com questões ambientais, como as mudanças climáticas, também influencia as decisões dos investidores. Para refletir esses valores e normas sociais em evolução, é importante que as empresas adotem práticas ESG se quiserem permanecer competitivas em seus setores.
As questões ESG cobrem uma variedade de tópicos que são aplicáveis a todos os setores e organizações de uma forma ou de outra. Embora a prevenção de “sin stocks” (empresas associadas à falta de ética e moral) tenha sido tradicionalmente considerada central para investir eticamente, o investimento ESG envolve um escopo mais amplo, incluindo:
Existem poucas (se houver) áreas de negócios em que o ESG não é relevante. No entanto, nem todas as questões ESG recebem o mesmo peso quando se trata de investimento. Assim como cada investidor possui valores e motivações diferentes, é improvável que uma organização priorize (ou deva) priorizar todas as questões ESG em sua estratégia de negócios. Aqueles que são priorizados por investidores e organizações são determinados pelas circunstâncias ambientais, sociais e econômicas da época, e o que é considerado mais importante e material para uma empresa, dada sua indústria, geografia e circunstâncias específicas.
O desempenho de uma organização em relação a questões ESG ajuda as partes interessadas a tomar decisões importantes, e há muitas ferramentas disponíveis para medir ou relatar o desempenho ESG.
No Brasil, já existem índices específicos do mercado financeiro voltados para mensurar o desempenho de acordo com critérios de ESG. Os principais deles são o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), o ICO2 (Índice Carbono Eficiente) e o S&P/B3 Brasil ESG, criado em 2020 por meio de uma parceria entre a Bolsa brasileira e a S&P Dow Jones. Algumas outras plataformas comumente usadas pelos investidores para determinar as classificações ESG de empresas incluem o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), Morgan Stanley Capital International (MSCI), FTSE4Good e ISS ESG. Esses índices tendem a ser mais orientados para o investidor, fornecendo métricas sucintas sobre o desempenho financeiro de uma empresa.
No entanto, há uma abundância de índices, estruturas e padrões ESG que as organizações podem optar por relatar ou alinhar, e cada um deve realizar sua própria avaliação do que melhor se adequa aos seus objetivos e prioridades.
Fundos de sustentabilidade apresentam retorno maior e volatilidade menor que o IBOV:
A natureza dos investimentos ESG pressupõe a obtenção de retornos financeiros em prazos mais longos, uma vez que a adoção de práticas sustentáveis pode introduzir mudanças estruturais nos modelos de negócio. Esse ponto não impede que determinados temas ESG impactem resultados de empresas ainda no curto prazo, porém, os efeitos positivos da integração de questões ESG na gestão empresarial e nos modelos de avaliação de empresas em geral podem requerer ainda algum tempo para se manifestarem com clareza nas análises de desempenho de carteiras de investimento responsável.
Esse cenário representa uma grande oportunidade de diferenciação para os gestores em geral que entenderem os riscos e oportunidades para os diferentes setores da economia e desenvolverem competências para antecipar a criação ou destruição de valor pelas empresas.
ESG é mais do que boas intenções. Trata-se de criar um plano tangível e prático que alcance resultados reais. Inúmeras instituições estão trabalhando para formar padrões e definir a materialidade para facilitar a incorporação e avaliação desses fatores.
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