Bem-vindos a mais um programa “Vendendo sua Empresa”. Eu sou a Priscila Rosas, sócia da Fortezza Partners, e hoje o formato do episódio é um pouco diferente. A gente gosta muito de trazer ex-clientes ou clientes atuais para contar um pouquinho de como foi a experiência de venda da companhia, como foi o processo e a experiência ao longo dessa jornada. E é com muito prazer que estou aqui com Valdecir Bechel, acionista da OL Papéis, que tivemos o prazer de assessorar. Tudo bem, Valdecir?
Tudo bem, Priscila. Obrigado pelo convite.
Para dar um pouco mais de contexto para o pessoal que está nos assistindo. A Fortezza foi assessora da OL Papéis e dos acionistas na venda para a Bracell, uma controlada do grupo RGE, uma empresa global de papel e celulose. E a ideia é contar para vocês como foi a experiência de venda da companhia, ouvir um pouco sobre a história da OL Papéis. Então, vamos começar? Valdecir, conta um pouco da história da companhia, o que vocês fazem e como vocês estavam performando no momento em que tomaram a decisão de vender a companhia ou qualquer outra decisão estratégica?
A OL Papéis é uma empresa que nasceu no estado da Bahia, em Feira de Santana, fundada por Omar e Lincoln. As iniciais dos nomes formam a OL. E isso já faz 15 anos, né? Uma empresa jovem ainda no mercado, e ela começou a crescer a partir de 2014, mas exponencialmente, quando iniciamos investimentos na linha de produção de papel higiênico, folha dupla. Nosso mercado é o de papel higiênico sanitário. Produzimos papel higiênico de folha simples, folha dupla e, desde 2018, também fraldas infantis.
Eu comecei a participar da empresa em 2011 como gerente administrativo-financeiro e, em 2016, os sócios fundadores me convidaram para fazer parte da sociedade. Hoje, somos três sócios. De fato, a empresa cresceu de 2014 para cá numa base de 30 a 35% ao ano. Num mercado que cresceu não mais do que 6% ao ano, a gente cresceu fortemente alavancado, mas sempre com muito foco em reinvestir tudo que tínhamos de ativo, fiscal e resultado financeiro na companhia, o que às vezes vai na contramão de alocar na pessoa física. Essa foi uma decisão acertada dos sócios fundadores, que sempre investiram na companhia, imaginando que no futuro ela pudesse trazer mais recursos para a pessoa física. Nosso crescimento depende muito de commodities, um mercado fortemente influenciado pelo preço das commodities, com muitos altos e baixos. Nosso mercado é unicamente nordestino, com poucas vendas em outras regiões.
Nosso foco mesmo é no Nordeste, que hoje pode ser considerado o segundo país na América Latina em população depois do próprio Brasil, com 55 milhões de consumidores. Nossos produtos atingem todas as classes sociais.
Vocês, em tão pouco tempo, 15 anos, é uma empresa jovem, né? Atingiram uma posição de liderança no Nordeste, estando entre o primeiro e o segundo player. É uma história fantástica, de crescimento muito acelerado. Foi nesse contexto que nos conhecemos no final de 2021. Vocês estavam crescendo muito e, como você falou, sendo expostos a commodities, sempre sofrem com as flutuações da margem conforme o preço da celulose. Conta um pouco sobre a decisão de olhar algumas alternativas estratégicas. Eu sei que na época que nos conhecemos não era só uma venda de empresa, vocês também estavam buscando a opção de captação de recursos para alavancar esse crescimento. Como foi isso? Vocês estavam crescendo para caramba, numa posição de liderança no Nordeste. Qual foi a motivação que vocês tiveram?
Como eu disse anteriormente, a gente sempre foi muito alavancado, crescendo em cima de financiamento, principalmente de máquinas e equipamentos, apostando no negócio e crescendo. Sempre fomos muito desafiados a crescer ano a ano para honrar nossos compromissos. Chegou um momento em que era necessário buscar novas alternativas. A primeira opção que nos veio à mente foi tentar buscar um fundo de investimento, um fundo de private equity que pudesse aportar algum recurso na companhia e continuar investindo, porque sempre olhamos muito para o mercado. Esse é um diferencial da OL Papéis: cuidamos da gestão industrial, investimentos fortes em tecnologia, mas sempre de olho no mercado. O mercado nordestino tinha e tem muitas oportunidades, mas nos faltava capacidade de investimento já em 2021.
Uma das alternativas foi buscar um fundo de investimento. Como somos muito expostos a commodities, os fundos de investimento não olham com bons olhos para isso. Então, começamos a ver que não teríamos muito êxito na busca de um fundo de investimento e foi quando fomos abordados por um grande player do mercado interessado em nossa operação.
No segmento de papel higiênico sanitário, está ocorrendo uma grande concentração. Grandes grupos que produzem celulose, desde a floresta até o produto final, têm um diferencial de custo pela verticalização. Nós compramos a celulose desses grandes players, então há um desequilíbrio se quisermos concorrer com eles. Diante disso, fazia sentido olhar para a venda. Foi aí que entrou a contratação da Fortezza para nos auxiliar no processo, já que tínhamos mais de um player interessado. Nenhum empresário toca uma empresa pensando em vender, mas acabou batendo na porta uma oportunidade que não poderíamos deixar de analisar.
Costumamos dizer que, em um mercado que está se consolidando, é bom aproveitar em vez de desafiar. Para quem está nos assistindo, vocês são três sócios. Não são familiares, são amigos. Como foi a questão da discussão societária sobre esse assunto? Vocês já estavam alinhados desde o começo ou houve um alinhamento maior ao longo do processo, que sabemos que dura alguns meses? Ou desde o início, vocês já tinham um alinhamento completo?
Foi muito construtivo. Para nós, era tudo novo, um mercado que não é nosso core business. Fomos aprendendo e alinhando ao longo do caminho, pois a negociação tem altos e baixos. Tem momentos que você quer desistir, mas precisa ter muita resiliência, paciência e bom senso. Entre os sócios, estávamos bem alinhados, não havia um puxando para um lado e outro para o outro. Discutíamos muito, analisávamos os prós e contras e tomávamos decisões comuns aos três. Isso ajudou bastante.
E você achou uma etapa importante do processo, a importância da preparação para o processo como um todo?
Eu acho que a maioria das empresas, principalmente no nosso caso que cresceu muito rápido, acaba focando muito em produção e mercado. Não é que você esquece, mas precisa focar também na organização societária, processos, controles, instalação de um bom RP e pessoas. Tem que ter um time bem desenvolvido, de alta performance. Uma dica é sempre olhar para a organização da empresa em todos os aspectos: ambiental, processos, contábil, controladoria. Criamos uma controladoria nesse período e contratamos um RP. Não estava tudo perfeito, mas evoluímos muito rapidamente e acredito que ao final reduzimos bastante os riscos, fazendo um diagnóstico que vocês nos ajudaram a preparar. Foi bem positivo.
Vocês fizeram a lição de casa muito bem antes da nossa entrada, eram uma empresa super organizada. E passamos por uma fase de diligência extensa com o comprador estrangeiro, que é muito minucioso. Como foi essa experiência de diligência? O que você viu de novo e quais são as lições para quem está pretendendo entrar ou considerar um processo?
Nosso processo de due diligence foi bem denso, com muitos detalhes. Conheço muito da OL Papéis e sabia de tudo, mas a profundidade da análise foi grande. Foi muita informação que tivemos que buscar e constituir, informações que estavam dispersas. Acabamos envolvendo pessoas estratégicas, um desafio para garantir que a informação não vazasse e não influenciasse no time ou nos clientes. 2022 foi desafiador, mas chegamos vivos até o final. O resultado final foi um diagnóstico raio-x da companhia. Se havia algo que não sabíamos, apareceu na diligência, mas tudo contornável.
E na fase de negociação, que também foi super densa, você acompanhou de perto cada minuto. Falamos de cláusulas de indenização, garantias e outros aspectos novos para vocês. Qual a importância de ter um bom assessor jurídico e financeiro que conheça todos os aspectos da negociação desde o começo e a companhia profundamente?
É essencial, Priscila, porque não é nosso negócio. Nosso negócio é produzir, vender, ter resultado, continuar crescendo e expandindo. É preciso ter uma assessoria financeira que passe confiança, como vocês fizeram, e um escritório jurídico que dê suporte e segurança. É essencial ter um assessor jurídico e financeiro bem preparado para brigar com as mesmas armas na negociação. Tem momentos críticos em que o assessor pode ser mais duro na mesa, defendendo nossos interesses e objetivos. É fundamental para o sucesso da negociação.
E a questão de ser um comprador estrangeiro, com idas e vindas mais demoradas, como vocês passaram por isso e o que acharam dessa experiência?
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